Cidadania Portuguesa e Italiana: Implicações Fiscais e Patrimoniais para Brasileiros no Exterior

Cidadania Portuguesa e Italiana: Implicações Fiscais e Patrimoniais para Brasileiros no Exterior

Descubra as implicações fiscais e patrimoniais da cidadania portuguesa e italiana para brasileiros e saiba como proteger seu patrimônio no exterior.

O número de brasileiros que conquistam a cidadania portuguesa, italiana e de outros países europeus cresce de forma exponencial. Segundo dados do Itamaraty, mais de 4 milhões de brasileiros vivem oficialmente no exterior, e boa parte deles já possui ou está em vias de obter dupla cidadania.

O que muitos não consideram, porém, é que esse novo status jurídico pode acarretar importantes consequências fiscais, sucessórias e patrimoniais — tanto no país de residência, quanto no Brasil e na União Europeia.

Neste artigo, você vai entender:

  • Os impactos fiscais da cidadania estrangeira.

  • Como funciona a sucessão para brasileiros com dupla cidadania.

  • Estratégias para proteger o patrimônio de forma internacional.


📌 O Que Muda ao Obter Cidadania Portuguesa ou Italiana?

Ao adquirir cidadania estrangeira, o brasileiro passa a ter deveres fiscais e sucessórios no país concedente, especialmente se:

  • Passar a residir oficialmente lá.

  • Adquirir bens ou direitos em solo europeu.

  • Manter investimentos ou herança no Brasil.

Exemplos:

  • Em Portugal, cidadãos portugueses residentes são tributados globalmente, incluindo heranças e doações.

  • Na Itália, há imposto sobre herança e doação (imposta di successione e donazione), com alíquotas progressivas.

A ausência de planejamento adequado pode gerar:

  • Dupla tributação.

  • Conflito de jurisdições fiscais e sucessórias.

  • Perda patrimonial por impostos e inventários internacionais simultâneos.


📌 Implicações Fiscais: Riscos e Oportunidades

✅ Tributação Global

Na maioria dos países europeus (incluindo Portugal e Itália), residentes fiscais são tributados sobre a totalidade de seus rendimentos e heranças, estejam onde estiverem.

Se um brasileiro com cidadania portuguesa mora em Lisboa e mantém imóveis no Brasil:

  • Portugal poderá exigir declaração e tributação desses bens.

  • Brasil continuará cobrando IR e ITCMD sobre esses bens.

Sem um planejamento internacional, ocorre bitributação, já que Brasil não possui tratados para evitar dupla tributação de herança com Portugal ou Itália.


✅ Impostos sobre Herança e Doação

PaísImposto sobre herançaAlíquotaIsenção
PortugalImposto de selo (Stamp Duty)10% sobre bens móveis e imóveisIsenção para cônjuges, filhos e netos
ItáliaImposta di successioneDe 4% a 8% dependendo do grau de parentescoIsenção até €1 milhão para herdeiros diretos

Atenção:
Em ambos os países, se o bem estiver no Brasil, o imposto pode ser cobrado sobre o valor global ou via procedimentos de reconhecimento de herança.


📌 Planejamento Patrimonial para Brasileiros com Cidadania Europeia

✅ 1. Holding Familiar Internacional

Permite centralizar bens e investimentos em uma estrutura jurídica neutra (como Panamá, Malta ou Emirados Árabes), reduzindo o impacto de impostos sucessórios e evitando múltiplos inventários.

✅ 2. Testamento Internacional

Viabiliza a eleição da legislação aplicável e facilita o inventário em países com regras rígidas de legítima (como Portugal e Itália).

✅ 3. Trust ou Fundos Patrimoniais

Protegem bens no exterior e no Brasil contra impostos sucessórios europeus, garantindo distribuição controlada e planejamento fiscal eficiente.

✅ 4. Seguro de Vida Internacional

Evita bloqueios judiciais e oferece liquidez imediata para herdeiros que residem em diferentes países.

✅ 5. Renúncia à Cidadania ou Planejamento de Domicílio Fiscal

Em casos específicos, manter a cidadania brasileira sem assumir residência fiscal no exterior pode reduzir a exposição tributária.


📌 Sucessão Internacional e Cláusula de Eleição de Lei

A Convenção de Haia de 2015 (aplicável em Portugal e outros países europeus, mas não ratificada pelo Brasil) permite que a pessoa disponha, em testamento, qual legislação deseja aplicar à sua sucessão.

Exemplo:

  • Um brasileiro com cidadania portuguesa pode definir em testamento que sua sucessão será regida pela lei brasileira, evitando restrições de legítima e impostos portugueses sobre bens no exterior.

No Brasil, a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) determina que:

  • A sucessão de bens situados no Brasil seguirá a legislação brasileira.

  • Bens localizados no exterior seguem a lei do local onde estão.

Sem testamento ou convenção, cada país aplicará sua regra.


📌 Conclusão

A conquista da cidadania portuguesa, italiana ou europeia abre portas, mas também traz obrigações e riscos patrimoniais relevantes.

Se não houver um planejamento patrimonial e sucessório internacional personalizado, os herdeiros podem:

  • Ser bitributados.

  • Enfrentar inventários simultâneos.

  • Perder parte da herança para impostos desnecessários.

A solução está em:

  • Estruturar holdings e fundos.

  • Elaborar testamentos internacionais.

  • Definir a residência fiscal mais vantajosa.

  • Utilizar instrumentos de proteção como trust e seguros.

Um bom planejamento evita prejuízos e garante segurança jurídica à família.


📌 5 FAQs

1️⃣ Terei que pagar imposto de herança na Europa mesmo se o bem estiver no Brasil?
Sim, dependendo do país de residência fiscal e valor do patrimônio.

2️⃣ Como evitar bitributação na herança?
Com testamento internacional, holding familiar e planejamento fiscal.

3️⃣ Posso escolher a lei brasileira para a sucessão de meus bens?
Sim, via testamento com cláusula de eleição de lei.

4️⃣ Qual a melhor estrutura para proteger patrimônio em múltiplos países?
Holdings internacionais, trusts e fundos patrimoniais.

5️⃣ Seguro de vida internacional é tributável?
Em geral, não compõe o inventário e evita tributos sucessórios, mas depende da legislação local.

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Jardson Barros

Jardson Barros é um advogado de destaque e sênior responsável pela gestão de atendimento ao cliente no escritório Leonardo Lacerda Advocacia Internacional. Com uma sólida formação acadêmica e um perfil que une competências técnicas e gerenciais, desempenha um papel central no desenvolvimento estratégico do escritório, oferecendo soluções jurídicas inovadoras e adaptadas às complexidades do ambiente tributário global.

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